O show de Indira Castillo no Bourbon Street foi realizado no centro da plateia, e não no palco, o que alterou completamente a configuração espacial e visual do registro. A proximidade entre músicos e público gerou um ambiente mais fechado, com menor dispersão de luz e foco concentrado nos performers. A escolha pela fotografia em preto e branco se deu para valorizar esse clima, destacando volumes, contrastes e texturas, além de reduzir as distrações causadas pela paleta de cores do ambiente. A iluminação lateral e de cima, projetada para o show, criou áreas de alto contraste, favorecendo recortes precisos dos músicos contra o fundo mais escuro da plateia. O enquadramento prioriza a relação espacial entre os instrumentos, os músicos e o público, além de valorizar a geometria do piso e dos elementos cênicos. A perspectiva aérea de algumas imagens permite visualizar a disposição não convencional da banda e dos equipamentos, o que se torna parte do discurso visual do registro.
O palco do Bourbon Street se tornou cenário de uma noite memorável em maio de 2025, quando o renomado contrabaixista norte-americano Martin Pizzarelli trouxe sua elegância, seu swing e seu carisma para São Paulo. Ao lado do guitarrista brasileiro Ricardo Baldacci e da talentosa pianista sul-coreana Hyuna Park, o trio conduziu o público por uma viagem sonora que transitou com leveza entre o jazz tradicional, o swing e momentos de pura conexão musical. O show, que aconteceu em clima intimista, foi um verdadeiro encontro de sotaques, linguagens e histórias, onde a música falava mais alto. A sofisticação do contrabaixo de Martin encontrou na guitarra de Baldacci um parceiro de diálogo cheio de balanço e precisão, enquanto o piano de Hyuna trouxe lirismo, leveza e energia. As fotografias buscam capturar não apenas a performance, mas também a atmosfera do Bourbon Street — um dos palcos mais icônicos da cena jazzística de São Paulo. As cores quentes do cenário, o jogo de luzes que desenha os músicos no palco, os olhares cúmplices e os sorrisos espontâneos — tudo isso compõe uma narrativa visual que traduz o espírito daquela noite. Entre solos, improvisos e olhares trocados, o que se viu foi a celebração […]
Fotografar o Funk Como Le Gusta é, pra mim, sempre um reencontro com o palco e com a memória. Há exatos 20 anos, foi uma das primeiras bandas que tive a chance de registrar com uma câmera. Voltar a fotografá-los agora, no Bourbon Street, é quase como fechar um ciclo – mas com novas lentes, mais luz e, felizmente, um pouco mais de técnica. O show teve aquela mistura clássica da banda: sopros em formação de ataque, groove pesado, vocal potente e uma energia de palco que transforma qualquer apresentação em uma celebração coletiva. A luz do Bourbon, com seus tons de azul, lilás e vermelho, criou recortes dramáticos que ajudaram a contar essa história visual. Fiz questão de buscar ângulos que mostrassem o diálogo entre os músicos, o peso dos metais, o público próximo do palco e os detalhes da expressão de cada um – da concentração ao sorriso de quem está curtindo o próprio som. A série traz desde as cenas amplas, mostrando o palco inteiro em sua arquitetura clássica, até os closes de trompetes e trombones cruzando o ar, capturados no calor do improviso. A mistura de neon, tijolos aparentes e luz recortada fez desse show um […]